terça-feira, 5 de maio de 2015



















Retrato

Sou feito de palavras, sim senhor.
Elevadas a um teor que em si cogita
rasgar o velho código do rigor
que comanda o moldar da minha escrita

Em que a musa aparece por desdita
ao rés da minha sombra e a primeira
a ler sinas na sina circunscrita
às palavras que trago na algibeira.

Sou feito de palavras sem idade.
Apenas um vadio em seu assombro
gerindo a minha escrita em desatino.

Vagueio agora em plena liberdade
como pássaro erguido em seu ombro
fitando já de longe o meu destino.

               Álvaro de Oliveira

1 comentário:

  1. Um retrato em que a câmara captou apenas a poesia da alma.

    O soneto, querendo "gerir" a escrita. Mas... é ela que "gere" do poeta as figurações...

    Bj.

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