Poeta português
Nasceu em Braga 1947
Os Olhos Dos Poetas
Ardem as palavras. E os teus olhos mortos.
Viver é ouvir os poetas cantar quando é manhã.
O teu olhar fica muito para lá do mar
quando uma ave nos revela o teu cansaço.
Sei que acolhes as palavras no baú mais fundo
da tua alma: Belas, simples e quase marginais.
E agora a poesia és tu e os teus olhos vivos.
Há dois nomes para os poetas. Uns são Misteriosos.
Outros, simplesmente Loucos pela poesia.
Os primeiros cantam a beleza das coisas simples e grandes
Os segundos cantam a grandeza das coisas simples e belas
Mas todos provam o vinho do instante sagrado
ou o choro deste país a perder a sua identidade.
Sei do enigma dos teus olhos mortos e vivos
sempre que ao longe dos nossos se afastam.
Os teus poemas imensamente belos
encheram a noite: o tempo que dá cor aos teus olhos
mortos, vivos, azuis, verdes ou castanhos.
Hás-de ver como este país despreza os seus poetas.
E amanhã, logo pela manhã, não terás outro bulício
senão o aroma dessa poesia que enche a terra
com os teus poemas imensamente belos.
Álvaro de Oliveira
Álvaro de Oliveira
Poema lido pelo autor
Na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva
Assinalando o Dia Mundial da Poesia
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