ESBOÇO - Livro de Poesia
de
Sílvia Mota Lopes
À partida começo por me sentir particularmente feliz com este curto texto onde encontro um discurso que me enche por dentro, porquanto se trata de uma obra que desafia a arte de poetizar e, por outro lado, permite à autora exprimir as suas emoções e os seus estados de alma. A partir daqui (e com que força!) provém o ensejo de transmitir em cada verso uma energia inesgotável capaz de cativar a atenção do leitor, sabendo-se que a poesia aparece identificada com a própria arte, o que tem plena razão de ser uma vez que a arte é por si mesma uma forma de linguagem. Assim, a poética também pode ser explicada, como o modo de uma pessoa se expressar usando recursos linguísticos e estéticos.
Uma ideia de mar quando as gaivotas
beijam as sombras dos seus olhos, duas
palavras unidas ao entardecer assente nos espelhos, os espelhos da imensidão ou
a vibração do rosto, umas vezes agressivo, outras calmo e apaziguador em
instantes de vento ou brisa apetecida pelas vagas, beijos que vestem as aves,
ternos suculentos. Eis a razão pela qual me é grato citar Garcia Lorca: "A poesia é a união de duas palavras que ninguém poderia
supor que se juntariam, e que formam algo como um mistério".
Por este
alinhamento trago à liça estas breves considerações, não sem antes colocar em
aviso de que a Sílvia possui já estatuto de uma poetisa de sonhos perfumados e
líricos. Daí a admiração nutrida por uma escrita consequente, solta, breve e
livre e a mensagem sempre um apelo aos eternos dizeres do tempo.
Álvaro de Oliveira
curto excerto de um texto distribuído pela imprensa
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