Retrato
Sou
feito de palavras, sim senhor.
Elevadas
a um teor que em si cogita
rasgar
o velho código do rigor
que
comanda o moldar da minha escrita
Em
que a musa aparece por desdita
ao
rés da minha sombra e a primeira
a
ler sinas na sina circunscrita
às
palavras que trago na algibeira.
Sou
feito de palavras sem idade.
Apenas
um vadio em seu assombro
gerindo
a minha escrita em desatino.
Vagueio
agora em plena liberdade
como
pássaro erguido em seu ombro
fitando
já de longe o meu destino.
Álvaro de Oliveira
Um retrato em que a câmara captou apenas a poesia da alma.
ResponderEliminarO soneto, querendo "gerir" a escrita. Mas... é ela que "gere" do poeta as figurações...
Bj.